O
Brasil é maior do que seus políticos
Mas será, mesmo? Ou, melhor
perguntando, se for, por quanto tempo
agüentará? Será que
Deus é tão brasileiro
a ponto de nos dar a capacidade de
resistir eternamente a tudo isso que é feito – pelo
menos parece – de propósito
para destruir este país? Ou
será que Ele é tão
pândego que só pensa em
gargalhar das coisas realmente inacreditáveis
que vemos acontecer por aqui?
Muitas vezes penso
que é esta
segunda alternativa a mais válida.
Deus se entristece assistindo de Seu
trono no Céu as barbaridades
cometidas no Iraque, no Afeganistão,
na Chechênia e em muitos outros
lugares. Certamente chega a derramar
Suas lágrimas divinas ao ver
tantas crianças morrendo de
fome na África... Muito provavelmente
revolta-se com a teimosia dos homens
que insistem em produzir armas de destruição
em massa. Irrita-se com a excessiva
ganância dos poderosos que, para
se tornarem ainda mais poderosos – e
só para isso, realmente, pelo
poder – não hesitam em
exterminar os mais fracos que, segundo
esses mesmos poderosos, não
têm importância nenhuma,
existindo apenas para superpovoar o
mundo e, com isso, constituírem
populações maiores ainda
de famintos. Conseqüentemente,
mais problemas para os mais ricos.
Esquecem-se esses
mais ricos que só se
tornaram assim graças ao trabalho,
ao suor e ao sangue desses mais pobres.
Mas estava eu dizendo
que Deus – que
também tem sentimentos – fica
triste com tudo o que vê de errado
no mundo. Ora, como diz a Bíblia
e nós, pobres crédulos
que somos, acreditamos, da mesma maneira
que a Ira de Deus é terrível,
a Sua tristeza deve ser imensa... E
seguindo a teoria da dualidade das
coisas, se há uma tristeza imensa,
tem de existir... uma pândega
também imensa.
Conclusão lógica: a
pândega de Deus é imensa.
E Ele há de ter onde descarregar
essa pândega, pois não
nos é possível imaginar
que Ele se desaguache lá mesmo
no Céu, pregando peças
em São Pedro ou contando piadinhas
racistas para São Benedito.
Deus tem de ter uma válvula
de escape aqui na Terra e...
Penso que estou
certo a cada dia que passa e que
mais se aproxima do fatídico
1º de outubro, quando haverá a
enorme probabilidade de sacramentar-se
a maior besteira deste lado do Meridiano
de Tordesilhas desde o Dia do Descobrimento,
ou seja, quando cerca de 61 milhões
de ingênuos farão voltar – melhor
dizendo, deixarão permanecer – uma
situação de caos, de
mentiras, de crimes e de prevaricações
jamais vista nesta terra.
Ele, o nosso Deus,
só pode
achar graça nisso tudo que está acontecendo.
E como não rir? Como não
rir de um povo que se deixa enganar
permanentemente, que não percebe – ou
simplesmente não acredita naqueles
que percebem – que tudo isso
não passa de uma comédia?
E, diga-se de passagem, de uma comédia
ruim, daquele tipo pastelão,
que o expectador ri mais de raiva do
que da impossível graça
que lhe foi tentada transmitir?
Como é possível não
rir de nossa própria benevolência – para
não dizer ingenuidade ou burrice – por
nada fazermos apesar de termos visto
na telinha, o presidente-candidato
descer de um avião da FAB para
ir fazer um comício de campanha?
Sim... Já sei que os do contra,
mesmo amigos meus, dirão que
ele foi até aquela cidade numa
missão oficial e que o comício
aconteceu depois do expediente. Sim...
Mas o avião presidencial foi
embora sozinho? Ou esperou pelo presidente-candidato?
Será que só ele-lá-lá tem
direito a condução sustentada
pelos contribuintes?
Não vi uma menção
de um só jornalista a esse respeito...
Onde está a nossa imprensa?
Ah! Já sei! Ela está lá-lá...
Mas... Voltando
a Deus. É mais
do que sabido que Deus prega – ou
ordena, uma vez que, afinal de contas,
Ele é o dono de tudo e muitas
e muitas vezes nos deixa com a certeza
de que somos filhos do leiteiro e não
do dono – a humildade.
E deve dar muita
risada quando escuta a propaganda
eleitoral em que ele-lá-lá diz
com a maior cara dura-hirsuta: “Agora,
conheço o mundo e o mundo me
conhece”.
De fato...
Maior humildade é impossível.
Mas, talvez ele-lá-lá tenha
razão. O mundo o conhece, especialmente
os biólogos que, hoje, têm
uma nova espécie para estudar:
Bufo hirsutus.
E só espero que Deus, tendo
o palhaço de quem rir, deixe
um pouco de lado a Sua ira e sorria
com benevolência para nós,
pobres brasileiros, e permita que surja – agora,
acho que mesmo só por milagre – um
tuiuiú de bico forte e estômago
mais ainda, que engula o Bufo hirsutus
e, como sobremesa, faça uma
limpeza na lagoa e elimine todos os
candirus que por lá-lá se
encontram, parece que com a única
finalidade de entrar no buraco dos
outros...
E, mais uma vez,
que me perdoem os tuiuiús, os candirus e, especialmente
os sapos, que não merecem ter
um colega de gênero tão
ruim.