Será que
há algo errado?
Na minha ingenuidade e ignorância
política – aliás,
justificada mesmo porque a política
brasileira atual está muito
mais complicada do que jamais – não
consigo entender o que acontece com
as pesquisas eleitorais. Tenho conversado
com muita gente e a imensa maioria
garante que não quer uma reprise
no Planalto. Em miúdos: não
vai votar no Lula. E até mesmo
diversos petistas conhecidos meus são
da mesma opinião, hoje em dia
abominando o partido da ética,
afirmando que de ético ele não
tem mais nada. E permito-me indagar,
para os meus botões, se um dia
houve ética no PT... Mas, voltando
ao assunto, se a maioria das pessoas
com quem tenho conversado – e
vejam bem que fazem parte de um universo
que pode bem ser considerado como amostra,
uma vez que são pessoas de níveis
sócio-econômico-culturais
bem diferentes – diz-se decepcionada
com o Lula e com o PT, como é que
pode o fenômeno de as pesquisas
estarem apontando a possibilidade – quase
certeza – de uma vitória
de Lula já no primeiro turno?
Será que há algo errado
com essas pesquisas, ou será que
a metodologia utilizada é tão
esdrúxula que aponta justamente
o contrário da realidade? Para
ser sincero, não quero imaginar
que possa haver corrupção
até mesmo nisso! Porém,
lembrando de que estamos vivendo no
Brasil e de que estamos atravessando
um período histórico
que bem poderia ser chamado de Era
da Corrupção, tudo se
torna possível. Não pode
me passar pela cabeça que indivíduos
respeitáveis que me dizem votar
em qualquer um menos no Lula, ao chegar
a hora da urna, mudem totalmente de
opinião. Mas pode-se pensar
que se esteja fazendo o jogo do obstetra
ladino quando ainda não havia
o exame de ultrassom capaz de detectar
o sexo do feto: dizia para a mãe
que ela estava esperando um menino
e, na ficha clínica, marcava
menina; se nascesse um menino, ninguém
viria fazer qualquer pergunta e ele
ainda ficava com fama de profeta; mas
se o Destino decidisse que viria uma
menina e a mãe aparecesse para
reclamar, ele simplesmente diria que
ela tinha entendido errado. E mostrava
a ficha clínica onde estava
escrito menina. A esperança é essa.
O brasileiro pesquisado pelo IBOPE,
DataFolha, CNT/Sensus, Vox Populi e
outros, só pode estar fazendo
o jogo do obstetra: diz que vota no
Lula, mas na hora H vai marcar outro.
E, ao se publicar o resultado oficial
da votação, o povo dará uma
risadinha marota e apurará os
ouvidos para tentar ouvir o canto do
Bufo hirsutus ecoando ao longe. Muito
ao longe do Paranoá.