O
Hatzinger que ruge
E vamos aplaudir a teimosia! Aliás,
a teimosia é uma atitude bastante
esperada nas crianças e adolescentes
que, justamente pela ainda pouca vivência,
não são capazes de aceitar
que há alguma coisa estranha
quando todo um batalhão está marchando
errado, com exceção de
apenas um soldado.
Herr Hatzinger
parece ser esse soldado e toda a
cúpula do Vaticano
está fazendo o papel da mãe
do reco que, orgulhosa, diz: Vejam!
Todos estão marchando errado,
menos o meu filho!
O nosso Papa conseguiu
recriar motivos para uma – agora sim, verdadeira – jihad.
Não há no planeta um
só islamita que não tenha
se sentido profundamente ofendido por
aquele seu desastrado pronunciamento
em Regensburg. E é evidente
que sinceros e justificáveis
sentimentos de raiva e vingança
emergiram fazendo com que o clamor
inicial acabasse por se transformar
em atos de violência.
Porém, nos dias de hoje, uma
guerra santa não é movida
apenas por conceitos religiosos, mas
também por motivações
políticas e econômicas
que, justamente por estarmos no Século
XXI, acabam por pesar mais nas ações
e reações advindas de
um incidente que, no frigir dos ovos,
não deixa de ser uma excelente
desculpa para acender o estopim.
Herr Hatzinger
fez a besteira. Como uma criança, que fala sem pensar.
Não contente, persistiu na burrice
e está teimando em não
se desculpar. Como um adolescente que
não quer reconhecer o erro.
O resultado está aí:
movimentação em torno
das armas, todos prontos para usá-las
contra o catolicismo.
Só contra o catolicismo? Só contra
o Vaticano?
Não. As bandeiras queimadas
em Basra não foram apenas as
do Papa, mas também as de Israel – que
nada tem a ver com Herr Hatzinger – e
dos USA – cuja maioria populacional
não é católica.
A guerra santa
eclodirá entre
o Oriente Médio – leia-se
islamismo – contra o Ocidente,
independentemente das religiões
abraçadas.
As ameaças de ataques terroristas
contra o Vaticano têm uma conotação
diferente. Parece que ouvimos os líderes
islâmicos – na verdade
líderes políticos que
seguem o Islã, ou dizem que
seguem – falando: Vamos atacar
o Vaticano para provocar a reação
dos americanos.
Será que Herr Hatzinger não
imaginava que aquele seu pronunciamento
haveria de detonar uma reação
desse porte por parte dos islamitas?
Ou será que ele apenas quis
testar o quanto de costas quentes ele
tem?
Seria bom que algum
desses cardeais que vivem no meio
do luxo e intelectualidade
do Vaticano soprasse no ouvido do Papa
que o orgulho por não querer
reconhecer o erro – e conseqüentemente,
pedir desculpas – pode levar
a conseqüências muito mais
sérias até mesmo do que
foi o 11 de Setembro. E, em algum momento
desse conselho, tentar injetar na mente
do Herdeiro de São Pedro, a
idéia de que o rato, para rugir,
tem de no mínimo estar bem defendido
pelo leão. Aliás, pelo
verdadeiro leão.