Silêncio
Perigoso
Nossa Mestra, Lya
Luft, está com
a razão. Somos todos alucinados.
Porém, ao mesmo tempo, nada
fazemos contra esse estado de coisas.
Há 43 anos, nós ainda
nos reuníamos e discutíamos.
Alguns de nós chegaram mesmo
a atuar, a correr riscos nas Assembléias
de Estudantes, nos pronunciamentos
do Carlos Lacerda no Cine Ritz da
Consolação
(lembra-se?). Hoje, ficamos sentados
diante de nossos computadores recebendo
e repassando mensagens... Parece mesmo
que não lembramos que a massa
populacional do Brasil compreende 4/5
de ignorantes (incluindo-se entre estes
os pseudo-intelectuais que, na nossa época,
eram simpaticamente chamados de "festivos").
Está certo que a nossa arma é o
voto no dia 1º de outubro. Mas
infelizmente, será uma arma
derrotada. A grande massa ignara vai
perpetuar a corja de plantão
no poder. Talvez tenhamos uma oportunidade,
depois das eleições,
mas não acredito que seja pacífica.
Nossa arma está, creio eu, por
ocasião dessa oportunidade,
numa Imprensa digna, independente,
desvinculada, apartidária. Uma
Imprensa que produza Jornalismo e não
essa coisa tendenciosa a que temos
assistido. Neste momento da conjuntura
política nacional, não
se trata mais de ficar tentando "manter
as aparências" e de ficar
com simpatias pessoais para com o Bufo
hirsutus do Planalto. Temos de
combater - e eliminar - toda a saparia
do brejo
planaltino. Temos de passar a limpo
este país (já ouvimos
esta frase antes, possivelmente na
ante-sala de alguma pizzaria) e, para
tanto, será preciso que os intelectuais
façam uso de sua prerrogativa
de formadores de opinião. E
temos de agir rápido, pelo menos
temos de "montar um esquema" de
reação. Antes que se
concretize o que o Bufo hirsutus disse
para o Straub... Não podemos
permitir que um governante fale que
tem vontade de fechar o Congresso.
E não podemos aceitar que a
Imprensa - esta que aí está -
fique calada, não se manifeste,
não divulgue o que aconteceu,
deixando apenas que um ou outro colunista
teça um comentário. Estamos
a caminho da formação
de uma União Socialista das
Repúblicas Latino-Americanas.
Mesmo sendo um modelo comprovadamente
falido (o da URSS), o perigo existe,
mesmo porque estamos todos cansados
de saber que os "líderes" não
possuem outra ideologia que não
a do poder. Deter o poder, obviamente,
com todas as suas benesses.