Ano I - Numero 1 - Dezembro de 2010 - Dicas e Artigos sobre Manifestações Artisticas e Literarias
As Editoras são todas desonestas?
Recebi, com surpresa, um telefonema do Raul, dono da Editora Summus, reclamando e ameaçando-me de ação judicial e de tirar meu livro do catálogo da editora porque eu disse, no Twitter que TODAS as editoras são desonestas... E ele nem me deu tempo de me justificar, bateu-me o telefone na cara, de modo bastante descortês.
Pisei-lhe no calo, sem a menor sombra de dúvida, pois há já quase 15 anos sou autor da Summus e o Raul jamais ligou para mim e, o que é pior, jamais consegui falar com ele ao telefone, passando de secretária em secretária, num rosário sem fim, para ouvir a indefectível frase: "O sr. Raul está em outra ligação, ele retornará assim que desligar..." e tome esperar por esse retorno que jamais veio.
Talvez, em meu tweet, eu tenha sido generalista demais e tenhas sido injusto para com a Summus. Ela, pelo menos, presta contas semestralmente. O que é estranho, contudo, é o número de vendas apresentado. Baixo demais. E é exatamente isso que surpreende, pois justamente esse livro tornou-se referência em escolas (faculdades) de Comunicação, tenho recebido centenas de e-mails de estudantes que leram o livro (e garantiram que o compraram), sei de muuuuitas pessoas que o compraram e, em função desse livro, fui chamado a proferir várias palestras (um bom exemplo ocorreu em Vitória da Conquista, em 2008, quando autografei pelo menos cem livros). Assim, é complicado ver uma prestação de contas com valores e números tão baixos. O mínimo que posso pensar é que alguém (distribuidoras, livrarias) está deixando o Raul para trás e ele imagina que esteja vendendo menos do que é verdade.
Mas deixem-me justificar minha suspeita. Atualmente, tenho livros publicados pel Editora Globo ("Saga"), pela Record ("O Fruto do Ventre"), pela Companhia Editora Nacional ("Quinze Dias em Setembro") e pela Summus ("O Caminho das Pedras" e "Vencendo o Desafio de Escrever um Romance").
Tente-se comprar o "Saga" em qualquer livraria e a informação é sempre a mesma; "A editora informa que esse livro está esgotado". No entanto, na prestação de contas que a Globo me envia anualmente, acusa-se a venda de 02, 05 exemplares... Estranho, não é mesmo? Principalmente sabendo que, no lançamento do livro, eu autografei mais de cem exemplares...
Com a Record a situação é ainda mais estranha, pois uma funcionária da editora (que não vou identificar para não prejudicá-la) disse-me que, mesmo antes do lançamento, o livro já tinha vendido mais de 1.200 exemplares...
E a Record jamais me enviou qualquer prestação de contas.
O mesmo se dá com a Companhia Editora Nacional. Jamais vi uma só prestação de contas.
A Summus, como falei anteriormente, presta contas semestralmente, mas os números são absolutamente incompatíveis com o esperado.
Daí eu ter generalizado, dizendo que TODAS as editoras são desonestas. Desculpe-me o Raul, mas é muito complicado pensar de forma diferente.
E, se ele quiser me processar por difamação e calúnia, que o faça. Será uma maneira ainda mais pesada de meu protesto chegar à grande mídia.
Afinal, não sou um escritor qualquer. Sou, isso sim, um escritor profissional, com nada menos que 1.100 títulos publicados (o lançamento do milésimo centésimo será nesta próxima segunda-feira), detentor de um título do International Guinness Book of Records) e vivo, literalmente, daquilo que escrevo. Portanto, não posso acreditar que livros que têm sido motivo de tantos comentários via Internet, não vendam o suficiente para justificar uma prestação de contas ou que vendam tão pouco que o pagamento de royalties não sejam suficientes para cobrir uma conta de supermercado. É justamente esse tipo de coisa que desestimula a produção literária no Brasil.
Quanto ao que eu disse em meu Tweet, vista a carapuça quem quiser. Mas seria muito bom que me provasse, por A + B que estou errado e que realmente estou sendo injusto. [Ryoki Inoue]